A criopreservação é uma
técnica de congelação/descongelação
eficiente que permite preservar células e tecidos a
temperaturas até -196ºC geralmente sem afetar ou com muito pouco efeito na sua
estrutura e funcionalidade.
Criopreservação dos
Espermatozóides
A Criopreservação do esperma é uma técnica
utilizada desde a década de 50 e representa uma valiosa opção terapêutica no
tratamento da infertilidade. As principais indicações incluem:
1. Inseminação artificial com esperma de doador –
Formação de banco de esperma.
2. Conveniência para os pacientes – Quando não for
possível a presença do marido nos procedimentos de inseminação intra-uterina ou
FIV (fertilização in vitro).
3. Preservação da capacidade reprodutiva - Os
pacientes com neoplastias que são submetidos a cirurgias ou
radioquimioterapias, procedimentos que podem comprometer a função espermática,
podem recorrer à criopreservação do esperma para uma utilização dos
espermatozóides posterior ao tratamento.
4. Preservação do material genético – Pacientes
submetidos à vasectomia podem guardar amostras de sémen para serem utilizadas
no futuro.
Criopreservação de
Embriões
Esta técnica é realizada quando há produção de mais
embriões do que o necessário para a transferência. Apenas aqueles de boa
qualidade têm maior oportunidade de sobrevivência. Os embriões excedentários
são colocados numa solução especial com uma substância chamada crioprotector,
que evita que os embriões sejam danificados com o frio excessivo; são então
colocados em botijas de azoto líquido, onde a temperatura chega a 196ºC
negativos e podem permanecer aí por tempo indeterminado.
Apesar dos embriões apresentarem menor taxa de
sobrevivência do que os embriões a fresco, esta técnica oferece a vantagem de
uma nova oportunidade com menor custo. Os embriões são descongelados 24 horas
antes da transferência, cultivados e são, posteriormente, estudados quanto à
sua viabilidade.
Criopreservação de
Oócitos
A criopreservação de oócitos humanos ainda é uma
metodologia em desenvolvimento, apesar de algumas gestações pós-descongelamento
terem sido descritas em meados da década de 80.
Desde que as técnicas para a criopreservação de
oócitos foram, e ainda estão a ser, descritas, os cientistas estão a investir
cada vez mais nessa tecnologia. Abriram-se a partir de então possibilidades
para a formação de um banco de oócitos. Esses oócitos poderão ser armazenados e
usados no futuro, especialmente para mulheres que não possuem ovários ou que
apresentaram menopausa precoce. Esta tecnologia também oferece uma oportunidade
a pacientes que serão submetidas a tratamento de cancro, aumentando assim a
eficácia de tratamentos de reprodução medicamente assistida.
Pacientes que serão submetidas a tratamentos de FIV
ou ICSI que obtiverem um grande número de oócitos poderão congelar os
excedentes e utilizá-los numa outra tentativa ou ainda doá-los a um banco de
oócitos, facilitando também as implicações éticas e religiosas que envolvem o
congelamento de embriões.
Após ser relatado o primeiro nascimento de um bebé
(Chen, 1986), vários pesquisadores, inúmeras técnicas e tentativas estão a ser
relatadas sobre o sucesso desta biotecnologia.
Várias técnicas já estão a ser utilizadas em
Portugal, no entanto os resultados ainda são poucos. Acredita-se que em breve
esta tecnologia já seja rotina nas clínicas de fecundação
in vitro. Entretanto algumas desvantagens da técnica ainda devem ser
contornadas. Acredita-se que o fuso mitótico (estrutura que segura o material
genético do oócito maduro) é sensível a mudanças de temperatura, e os erros
genéticos podem ocorrer durante o processo de congelamento, resultando em
aneuploidias após a fertilização. Alguns trabalhos também referem um aumento da
libertação de grânulos corticais que levariam a um endurecimento da zona
pelúcida (Trounson e Kirby, 1989) alterando os resultados da fecundação
in vitro. Até ao momento, não é satisfatória a taxa de sobrevivência dos
oócitos humanos descongelados, os índices de sucesso variam de 27% a 64%. Em
geral, os índices de fertilização dos oócitos descongelados são inferiores aos
obtidos com a inseminação a fresco e uma incidência alta de fertilização
anormal tem sido referida.
Hoje uma técnica de congelação ultra-rápida
descrita como vitrificação está a ser bastante empregada para criopreservar os
oócitos e está a apresentar excelentes resultados. O único impedimento para a
realização desta tecnologia é a baixa sobrevivência dos oócitos após o
descongelamento, mas é um impasse que já está a ser resolvido e em breve fará
parte da rotina das clínicas de reprodução assistida.
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